Usiminas celebra 60 anos de parceria com o Japão
Acordo Lanari-Horikoshi, como é conhecido o convênio de intenções entre Brasil e o país asiático para a fundação da companhia, representa um marco para as indústrias nacional e mineira
01.06.2017
IPATINGA - Neste sábado (03/06),
completam-se seis décadas da assinatura do acordo Lanari-Horikoshi, que
formalizou o compromisso da participação japonesa na construção da Usiminas. O
empreendimento foi fundamental para a concretização do sonho de
industrialização capitaneado por Juscelino Kubitschek e se tornou o primeiro
investimento externo em grande escala do Japão após a 2ª Guerra Mundial.
Profissionais de países tão distintos, que precisaram superar as barreiras do
idioma e da distância, se uniram em um projeto que colocou Minas Gerais no mapa
da siderurgia mundial e contribuiu para gerar o DNA de pesquisa e tecnologia
que ainda hoje define a companhia.
Para a assinatura do acordo foi
necessário mais de um ano de conversas, após a lavratura da escritura pública
de constituição da Usiminas, em abril de 1956. O documento foi batizado
com os sobrenomes de Amaro Lanari Júnior e Teizo Horikoshi, que lideraram missões
japonesas ao Brasil para viabilizar o projeto. Posteriormente, Lanari se tornou
presidente da companhia, entre 1958 e 1976, e Horikoshi presidiu a Nippon
Usiminas, empresa criada para facilitar e intermediar os investimentos
japoneses na siderúrgica mineira.
De acordo com o presidente da
Usiminas, Sergio Leite, a cooperação entre brasileiros e japoneses desde a
origem da empresa – que tornou possível a implantação do que viria a ser um dos
maiores complexos siderúrgicos da América Latina – consolidou o intercâmbio de
conhecimentos como uma das premissas da companhia. “Hoje a Usiminas é composta
por três grandes forças: brasileiros, japoneses e ítalo-argentinos, aliando
trabalho em equipe, tecnologia e visão de negócios para reforçar a empresa no patamar
de referência no mercado de aços planos e líder do segmento no país”, afirma.
Takahiro Mori, vice-presidente de
Planejamento Corporativo da Usiminas, lembra que, na época da assinatura do
acordo, o Brasil tinha um sonho de se transformar de um país exportador de
minério de ferro para um produtor de aço com competitividade internacional. E,
para tal, eram necessários o capital e a tecnologia. “O Japão respondeu a esse
grande projeto com o forte envolvimento tanto do seu governo quanto da sua
indústria, como símbolo da parceria econômica e da amizade entre os dois
países. O resultado de tudo isso é a Usiminas. Hoje, a nossa missão é fazer a
companhia expandir ainda mais os seus horizontes, mantendo em mente o sonho dos
nossos fundadores.”
Roberto Maia, diretor da Usina de
Ipatinga, lembra que a necessidade de aumentar a produção de aço em Minas
Gerais, visando atender ao processo de industrialização do País no final da
década de 1950, foi o pontapé inicial para uma parceria histórica da Usiminas
com o Japão. “Hoje, 60 anos depois, colhemos os frutos deste projeto por meio
de uma Usina que oferece ao mercado produtos de alto valor agregado. Temos uma
capacidade produtiva e tecnológica, além de equipe altamente qualificada, que
diferenciam a empresa no setor siderúrgico.”
Sobre o acordo
Do lado brasileiro, o governo federal
foi o maior responsável pelo fornecimento do capital necessário à construção da
primeira siderúrgica mineira, por meio do então Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico (BNDE), atual BNDES. Do japonês, um grupo privado
liderado pela acionista Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation (na
época, Yawata Iron and Steel), formado por produtoras de aço e fabricantes de
máquinas e equipamentos, completou o investimento junto ao governo do país, que
viu na oportunidade um passo importante em seu processo de recuperação
pós-guerra.
Criou-se, então, em 1958, uma empresa
de capital misto (60% brasileiro e 40% japonês), que dali a quatro anos passou
a fornecer, por meio da Usina Intendente Câmara, em Ipatinga (MG), produtos
indispensáveis para cobrir a demanda nacional das indústrias naval,
automobilística, de base e mecânica pesada. Desde então, mais do que o caminho
para o desenvolvimento de aços de alto valor agregado, a contribuição dos
japoneses, um dos acionistas da companhia, se traduz no espírito de trabalho,
responsabilidade e disciplina que permeiam cada entrega desde o acendimento do
primeiro alto-forno da Usiminas.
Usiminas celebra 60 anos de parceria com o Japão
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