INDEPENDÊNCIA DO BRASIL na visão da escritora Margarida Drumond de Assis

Independência, quão bom seria! 
                     
É chegado o “7 de Setembro”, data que tem lugar especial na história do país. O ano de 1822 será sempre lembrado como o da Independência do Brasil do jugo lusitano. No entanto, anualmente ocorre-nos a pergunta de qual independência podemos estar falando se há tanto poder de uns sobre os outros. E após tantos deslavados fatos que envolvem o Brasil, hoje, ocasionando cada vez mais descrença do povo nas autoridades; mais insegurança de se andar nas ruas; de se conseguir acesso à saúde e educação dignas, mais fortemente pensamos nessa questão de um país livre, independente. 
            Como pode o país ser independente quando vemos nossos governantes tão  envolvidos em ações que nos envergonham, considerando-se que lá se encontram pelo voto popular? São tantos os atos de improbidade, desfaçatez e corrupção que, às vezes, custa-nos crer que fatos tão absurdos estejam mesmo acontecendo. É abusar do povo, desrespeitando-o nos seus direitos básicos, à revelia de qualquer compromisso patriótico ou humano. Não lhes incomoda se aeroportos, grandes empresas nacionais ou até a Casa da Moeda podem estar correndo risco de serem privatizados; também não lhes toca o coração ver que há pessoas morrendo sem atendimento médico; se nos hospitais falta o básico para o seu funcionamento; se a pessoa tem ou não o que precisa para viver dignamente.
            O próprio Michel Temer, que está Presidente porque o cargo lhe veio num acidente de percurso, parece ignorar o vocábulo  “respeito”. Conforme sabemos, ele recebe pessoas tarde da noite, sem agendamento oficial, e com elas confabula em benefício próprio e de demais políticos. Em tais encontros, até o ministro do Supremo Tribunal Federal - STF, Gilmar Mendes, lá esteve. E não pense você que as tentativas de explicações de um e outro dos fatos que temos visto são rebuscadas.  As observações que fazem rebatendo acusações são vazias, descabidas; a desfaçatez é indescritível e de um cinismo tão absurdo que é uma afronta à inteligência. Mas, pensando bem: explicar o quê? Os fatos atestam os crimes. Nesta terça-feira, por exemplo, soubemos da incrível quantidade de dinheiro encontrada em apartamento de uma região nobre de Salvador, e isso com envolvimento do ex-ministro Geddel Vieira Lima: R$ 51.030.866,40, tudo guardado em oito malas e seis caixas. Era tanto dinheiro que levaram um dia inteiro para contá-lo.
            Na verdade, se nos detivermos pra pensar, de momento em momento uma notícia nos surpreende, como a do dia 31 último, quando um dos quatro áudios entregues à Procuradoria Geral da República – PGR sugeriu que atos ilícitos graves ocorreram envolvendo até mesmo o STF, conforme expôs o jurista do Ministério Público, Rodrigo Janot. E, se a investigação confirmar que os irmãos Joesley e Wesley Batista omitiram fatos importantes ao assinarem a colaboração premiada, perderão os benefícios adquiridos naquela ocasião, quando, pelos áudios apresentados, dentre outras denúncias vimos o envolvimento do presidente Temer em atos contra a nação e o povo brasileiro.
            Mas a questão que envergonha o país neste dia da Independência vai mais além ainda: quanta indignação nos causou a Câmara dos Deputados com a deslavada discussão querendo criar o bilionário Fundo Eleitoral, para isso tirando R$ 3,6 bilhões dos cofres públicos. Devem ter os olhos vendados para não se darem conta de que o Brasil está em péssima situação financeira e com os serviços básicos à população em situação de miséria.
            Quão bom seria se realmente tivéssemos importantes coisas a celebrar hoje! Há muito ainda por fazer até que tenhamos um Brasil livre, com homens e mulheres de fato éticos e conscientes, no Executivo, no Legislativo e no Judiciário; há muito por fazer até que todos nos conscientizemos e lutemos para alcançar o que nos compete por direito. Afinal, temos o Dia da Independência, façamos valer esta data.

Margarida Drumond de Assis é professora, jornalista e escritora de mais de uma dezena de livro, destacando-se Tempo de saudade, com a história de Timóteo, e a biografia Dom Lara: vida de amor, testemunho de caridade. Em andamento, a biografia sobre Padre Abdala Jorge, com pré-edição já acontecendo. Encomende o seu exemplar.


   
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