Especialistas orientam internautas na defesa contra os crimes cibernéticos
A repercussão na imprensa alerta as pessoas para os riscos que correm se expondo e para a importância de se denunciar esses crimes. A vítima não deve destruir as provas; deve procurar o Ministério Público ou a Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos, na cidade onde mora.
13.09.2017
REDAÇÃO - O painel Crimes Cibernéticos, apresentado na programação da Semana do MP, reuniu o promotor de Justiça do Mato Grosso, Marcelo Ferra de Carvalho, que presidiu a mesa, e os palestrantes Christianne Cotrim Assad Bensoussan, promotora de Justiça que está à frente da Coordenadoria de Combate aos Crimes Cibernéticos (Coeciber); Ricardo Gonçalves Pessoa Leite, major da Polícia Militar de Minas Gerais que coordena a área operacional da Coeciber; e Débora Feldman Pedrosa Mascarenhas, psicóloga e psicopedagoga especializada em adolescentes.
A promotora Christianne Bensoussan, que abordou o tema “Intolerância na Rede”, ressaltou que a internet vai ter o viés que o intenauta quiser dar, já que a rede é um campo aberto, inclusive para os crimes de ódio e de intolerância, devido à sensação de anonimato e, ao mesmo tempo, devido à repercussão gerada pelos crimes cibernéticos, um dos principais objetivos desse tipo de usuário”.
Segundo a coordenadora da Coeciber, a maior incidência na rede mundial de computadores é de crimes contra a honra e contra o patrimônio, além de pornografia infantil. “É preciso substituir a cultura do ódio pela cultura do respeito", afirmou.
A promotora de Justiça ressaltou também que alguns crimes cibernéticos ainda não estão tipificados no Código Penal. E lembrou que esses crimes ocorrem há muito tempo, mas só ganharam notoriedade depois que artistas famosos vieram a público denunciar os ataques sofridos por eles. “Isso é muito importante porque a repercussão na imprensa alerta as pessoas para os riscos que correm se expondo e para a importância de se denunciar esses crimes. Discordar é saudável; agredir, não pode”, reiterou.
Na palestra “Aspectos práticos no enfrentamento dos crimes cibernéticos”, o responsável pela área de inteligência e segurança na Coeciber, major Ricardo Gonçalves Pessoa Leite, ressaltou que o mais importante para a segurança na internet é a prevenção. “O que está na rede, é público. Não existe separação entre vida real e vida virtual, por isso temos que desconfiar de tudo na internet”.
Ele lembrou que, assim como os pais se interessam em saber, por exemplo, quem são os pais do coleguinha mais amigo do filho, é indispensável saber com quem o filho está se comunicando pela internet.
O especialista em segurança alerta também para as ofertas excessivamente vantajosas na rede. “Nós sabemos que não existe almoço de graça. Desconfie de promoções com preços que não cobrem os custos de produção, muito menos o valor dos impostos, pois a chance de você se tornar vítima de crime ou de fraude nesses casos é muito grande”.
“Nossos adolescentes, o encontro com a baleia e outros bichos” foi o título da palestra de Débora Feldman. Para destacar a importância do debate direto com os adolescentes, principalmente sobre o uso seguro da internet, ela lembrou o impacto causado pelo jogo Baleia Azul, que surgiu na Rússia, se espalhou pelo mundo e atingiu adolescentes em Minas Gerais, influenciados por episódios de automutilação e suicídio.
A psicóloga citou também a série produzida pela cantora Selena Gomez e divulgada pela Netflix “13 reasons why” (13 razões por quê). Na trama, uma adolescente suicida e deixa gravações explicando os 13 motivos que a levaram a se matar. “A série teve o mérito de trazer à tona a discussão sobre o suicídio de adolescentes”, analisou.
A especialista em comportamento destacou a adolescência como uma etapa de despedida da infância, em direção ao desconhecido mundo da vida adulta, como um processo de identificação em construção. “A adolescência é uma passagem delicada, de conflitos, criativa. É a fase mais importante da vida. Um momento muito potente, de incremento do intelecto, com reflexões profundas e adesão a grandes causas”.
Ela explicou que, por se tratar de um momento de reidentificação, de ressignificação, o ego está frágil. “Alguns comportamentos do jovem na internet têm roupagem nova, mas nem tudo na internet é novo. Por isso o binômio exposição versus proteção cabe muito bem em relação ao jovem na internet, mas a internet também pode ajudar o jovem a se construir”.
Débora Feldman reforçou que é importante os pais alertarem os filhos contra criminosos que se aproveitam da vulnerabilidade dos adolescentes. “O que esses criminosos oferecem que tanto atraem meninos e meninas?” Questionou, esclarecendo que os criminosos estão dispostos a escutar, a oferecer soluções mágicas, de superação, e informações sobre coisas que não podemos controlar, como a morte, por exemplo”.
"Nossos adolescentes são presa fácil, mas não têm consciência disso. Nesse mundo destrutivo como o jogo da Baleia Azul, temos que garantir espaço para eles falarem, temos que ajudá-los para que eles possam, inclusive através da internet, ter condições de se expressar. Porque para quem sabe se defender dos riscos, a internet representa um importante espaço de interlocução de direitos”, concluiu.
Especialistas orientam internautas na defesa contra os crimes cibernéticos
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