Politicagem pode ter produzido o caos na saúde do Vale do Aço

03.06.2017
FABRICIANO – O inesperado fechamento do Hospital Doutor José Maria Morais, antigo São Camilo, de Coronel Fabriciano, na madrugada do último dia 30, até com a presença da Polícia Militar, ainda necessita de uma explicação que seja realmente convincente para a população, assim como a exoneração do Superintendente de Saúde de Coronel Fabriciano, Wagner Barbalho.
O que tem deixado intrigado a população e os prefeitos das microrregionais de saúde é a coincidência dos dois episódios: demissão de Barbalho e o fechamento do Hospital São Camilo.
Dez dias antes do fechamento do hospital, o governador Fernando Pimentel iniciava o desmonte da Superintendência de Saúde de Coronel Fabriciano, quando publicou no último dia 20, no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, a exoneração de Wagner José Rodrigues Barbalho, da Superintendência Regional de Saúde do Vale do Aço. Depois do superintendente outras exonerações ligadas ao superintendente também foram efetivadas. Neste sábado (3) foi a vez de Dayelly Letícia de Morais,  que ocupava cargo de Coordenadora de Gestão.
Todos os efeitos negativos do fechamento do Hospital São Camilo já estão evidentes e prejudicando cada vez mais a população das cidades do colar metropolitano do Vale do Aço.
O Jornal Bairros Net conversou com cinco prefeitos de cidades que fazem parte da Regional de Saúde de Coronel Fabriciano. Eles aceitaram conversar com a nossa reportagem, mas pediram para não mencionar os nomes, temendo retaliação, porque ainda estão sem resposta neste emaranhando que culminou com o fechamento do hospital e a exoneração do superintendente.
Os prefeitos disseram que foram pegos de surpresa com a exoneração de Wagner Barbalho e com o fechamento do Hospital São Camilo. Dois dos prefeitos estão com doentes das cidades internados. “Eu tenho quase certeza de que a exoneração de Wagner foi uma preparação para fechar o Hospital São Camilo de Coronel Fabriciano, porque ele nos ajudava muito nas cobranças tanto dos repasses para os hospitais que servem as nossas cidades, quanto ao abastecimento dos remédios usados pelos nossos munícipes”, pontuou um prefeito.
Ainda, os prefeitos foram unanimes em informar que tinham conhecimento de que a Direção do São Camilo ameaçava fechar o estabelecimento, mas estavam sempre reportando as dificuldades dos hospitais diretamente ao Superintendente Wagner Barbalho, para cobrar os repasses atrasados por parte do governo do Estado. “Nós e a direção do hospital tínhamos plena confiança no Wagner. As cobranças dele eram bem fortes e insistentes junto ao governo do Estado para não deixar faltar os recursos para o pagamento dos convênios hospitalares e de medicamentos para os municípios”, destacou os prefeitos, indicando que a posição de Wagner Barbalho como um defensor das cidades “trazia incômodo político” na esfera estadual. “Wagner resolvia a coisas pra nós”, disseram.
Os prefeitos acreditam que a exoneração de Wagner está também relacionada com o resultado negativo das eleições municipais de 2016 no Vale do Aço, que apontou as derrotas do PT nas três maiores cidades do colar metropolitano. “Alguém tinha que pagar a conta. Wagner Barbalho pagou pela inoperância dos governos federal e estadual, em todos os sentidos, principalmente em termos de saúde”, analisaram.

OFÍCIO DE COBRANÇA - O Jornal Bairros Net teve acesso com exclusividade na semana passada a um ofício datado de 17 de maio, onde a Sociedade Beneficente São Camilo cobrava  com urgência os repasses relativos ao período já atendido e não remunerado, ou seja, R$ 1.038.668,36 referente a março de 2017 e R$ 1.573.391,91 referente ao mês de abril de 2017.
No mesmo ofício a entidade avisou que os serviços destinados aos usuários do Sistema Único de Saúde – SUS poderiam ser prejudicados se o pagamento não ocorresse em datas próximas.
CRISE E DESENCONTRO
Mesmo com a crise que assola a saúde no Vale do Aço, onde Timóteo já até decretou “situação de emergência”, em razão da desassistência em saúde provocada pelo fechamento do Hospital São Camilo, em Coronel Fabriciano e a possível paralisação do Hospital Vital Brazil, em Timóteo, o prefeito de Coronel Fabriciano mantém firme o seu propósito de obter a Gestão Plena do Hospital São Camilo até então fechado. Na visão de correligionários do prefeito Marcos Vinicius (PSDB), o anúncio de abraçar o hospital, que é de obrigação do Estado, foi um verdadeiro  tiro no pé.  
Fontes do Jornal dão conta de que outro fator que tem incomodado até a direção da Regional de Saúde, é o fato de que o chefe do Executivo Fabricianense está  tratando o assunto Gestão Plena do Hospital diretamente com a Secretaria de Estado e Saúde (SES), sem participar a Superintendência Regional de Saúde de Fabriciano.
GESTÃO INTEGRADA
A celeuma que envolve a saúde na região está longe de acabar. Nesta sexta-feira (2) formos informados de que a Beneficência Social Bom Samaritano, de Governador Valadares, poderá assumir o hospital em Coronel Fabriciano e ser mantenedora do hospital Vital Brazil, em Timóteo e ainda o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, de Caratinga. No caso deste último hospital, ele está com intervenção do Ministério Público para que seja definido um novo direcionamento. Este hospital corria o risco de ser fechado, conforme anunciado pela direção do mesmo.
Estão cotados para está a frente desta nova gestão integrada, a ex-secretária de saúde de Ipatinga, Katia Barbalho e o ex-superintendente regional de Saúde, Wagner Barbalho. O médico Renato Martins (PMDB), ex-vice-prefeito de Timóteo, também é um dos cotados.
O processo de transição destes hospitais vem sendo tratado com a participação e consentimento da Secretaria de Estado da Saúde e Ministério da Saúde. “Queremos que tudo aconteça sem a paralisação das atividades hospitalares”, disse a nossa fonte.

Na Superintendência de Saúde não conseguimos um pronunciamento oficial sobre o assunto. Tentamos falar com Wagner Barbalho, mas fomos informados que o mesmo estava em viagem para fora do Estado de Minas Gerais. 
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