Mulheres de metalúrgicos assumem luta contra retirada de direitos na Usiminas e no Sindipa

23.05.2017
IPATINGA - As mulheres assumiram a condição dos companheiros sindicalistas e foram à luta contra a retirada de direitos e a falta de valorização da categoria na Usiminas, Usiminas Mecânica e empreiteiras e também no Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e Região (Sindipa). Na madrugada desta terça-feira (23), elas ocuparam as principais portarias da Usiminas e, com faixas de protesto e distribuindo panfletos, uniram-se para exigir que sejam implantadas políticas específicas de valorização da mulher no movimento sindical, na sociedade e no mercado de trabalho.
“Decidimos protestar a favor de todos os trabalhadores, porque eles não têm voz com esse sindicato que está ai”, diz uma das manifestantes que preferiu não se identificar. O movimento, que começou bem cedo, reuniu esposas, irmãs, mães, companheiras e amigas dos metalúrgicos. Elas disseram que a mobilização não teve a participação dos trabalhadores.
Reajuste de salário, pagamento da PLR, melhores condições de trabalho e flexibilidade no horário de turno são as propostas que, segundo elas, serviram de motivação para se colocarem na linha de frente dessa disputa. As eleições no Sindipa serão nos dias 30 e 31 de maio e 1º e 2 de junho. Contudo, o pedido geral dos familiares é pelo direito à reivindicação e condições humanizadas de trabalho e de carreira, além de reajustes salariais compatíveis com a inflação, um prejuízo acumulado nos últimos quatro.
Na opinião dos trabalhadores, o movimento na portaria da Usiminas é legítimo por se tratar de uma iniciativa das mulheres. As manifestantes lembraram que a Chapa 2, aliás, é a única a implantar a paridade na sua diretoria. Nestas eleições contam na chapa com duas mulheres, a operadora de Produção, Dinusa Ferreira Pinto, e a Operadora de Produção I, Elaine Elio Silva Rocha, que têm representatividade nas empresas, fato que demonstra o compromisso com as demandas das mulheres trabalhadoras.
“Temos sim que discutir o papel das mulheres na vida da empresa. É uma questão de superar a desigualdade e ser contra a opressão que nós sofremos cotidianamente no mundo do trabalho, como o assédio moral, e na sociedade. Essa não é uma luta só de mulheres, é uma luta de todas as mulheres trabalhadoras”, disse Dinusa Pinto, candidata a Secretária de Saúde Assistencial pela Chapa 2 nas eleições do Sindipa. Dinusa critica o fato da mulher trabalhadora não ter tempo para cuidar da sua família em função da tripla jornada de trabalho. “Temos que ser tratadas com respeito”, declarou.
Outra apoiadora dos trabalhadores reclamou da queda na renda familiar nos últimos quatro anos. “Há quatro anos meu marido não recebe correção salarial e há três anos não vem recebendo a PLR. Nossos filhos estão crescendo e as despesas também. A principal renda da nossa família é o salário dele, que já não compra tudo que precisamos para ter uma vida digna”, reclamou a manifestante.
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