Carreira de professor desperta cada vez menos o interesse de jovens
15.10.2017 - Agência Brasil
REDAÇÃO - A falta de reconhecimento e de condições de trabalho tem atraído
cada vez menos alunos para uma profissão que já esteve entre as mais
valorizadas no país: a de professor. O Dia do Professor é hoje, mas há motivo
para comemorar?
A cada 100 jovens que ingressam nos cursos de pedagogia e licenciatura no país, apenas 51 concluem o curso. Entre os que chegam ao final do curso, só 27 manifestam interesse em seguir carreira no magistério. As informações foram levantadas pelo movimento Todos Pela Educação, com base em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A cada 100 jovens que ingressam nos cursos de pedagogia e licenciatura no país, apenas 51 concluem o curso. Entre os que chegam ao final do curso, só 27 manifestam interesse em seguir carreira no magistério. As informações foram levantadas pelo movimento Todos Pela Educação, com base em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
“Temos
um apagão de professores, principalmente pela desvalorização. A gente já atrai
pouco e, dos que vão para a formação inicial, poucos permanecem na carreira. E
não se consegue ter uma área de atuação que consiga atrair os melhores alunos
do ensino médio”, diz a presidente executiva do Todos Pela Educação, Priscila
Cruz.
Na
opinião de Priscila, entre as políticas de atratividade necessárias para
aumentar o interesse na profissão está a melhoria dos salários. Segundo
Priscila, atualmente o professor ganha metade do que os profissionais de outras
áreas com ensino superior completo. “Realmente fica difícil atrair os melhores
alunos do ensino médio para a carreira se a gente não conseguir fazer com que o
salário melhore”, acrescenta.
Priscila
destaca que é preciso melhorar também as condições de trabalho do professor. A
proximidade dos jovens com a profissão faz com que eles vejam de perto a
realidade dos professores, que nem sempre é atrativa. “O fato de o jovem
verificar no seu dia a dia que os professores não são valorizados, e muitas
vezes são atacados pelos próprios jovens, pelas famílias, pela sociedade, pelo
governo, isso faz com que o jovem desista da profissão”, lamenta Priscila.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação (CNTE), Heleno Araújo, a falta de políticas que valorizem os
profissionais da educação desmotiva os profissionais. Segundo Heleno, existe
atualmente um processo de disputa muito grande com outras profissões, que
oferecem melhor remuneração.
“Até os profissionais de pedagogia estão fugindo dessa profissão, porque os salários são diferentes, e vão fazer o seu trabalho em outros espaços, que têm uma valorização maior”.
“Até os profissionais de pedagogia estão fugindo dessa profissão, porque os salários são diferentes, e vão fazer o seu trabalho em outros espaços, que têm uma valorização maior”.
Ele
ressalta que, apesar de alguns avanços nos últimos anos no processo de
valorização dos profissionais da educação, como a lei do piso nacional do
magistério, ainda há dificuldades, como o descumprimento, em alguns estados e
municípios, da legislação que define o mínimo a ser pago a profissionais em
início de carreira, além do achatamento da carreira de professor. “Há
estados que pagam o piso para o professor do nível médio e o mesmo valor para
nível superior”, diz Heleno Araújo.
De
acordo com a CNTE, em 2004 o salário dos professores no país representava cerca
de 60% da média salarial de outras profissões – atualmente é 52% da média.
“Este é o movimento inverso do Plano Nacional de Educação, que diz que, até
2020, o salário médio dos professores deve ser equiparado ao salário médio de
outras profissões”, afirma.
Plano nacional
O
Ministério da Educação (MEC) deve lançar nos próximos dias uma política
nacional de formação de professores, já articulada à Base Nacional Comum
Curricular, que vai focar na valorização dos profissionais. Segundo o MEC, está
em estudo a ampliação das oportunidades das licenciaturas para a nova geração
de docentes da educação básica e também para os que já estão em sala de aula.
Para
o MEC, a valorização do professor é fundamental para a educação. “Existe a
clareza de que o professor tem um papel central no desenvolvimento educacional
de nossos estudantes e de que, para exercer essa profissão, ele precisa ser
valorizado em todas as suas dimensões”, diz o ministério, em nota.
Carreira de professor desperta cada vez menos o interesse de jovens
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