12 DE OUTUBRO: OS 300 ANOS DE BÊNÇÃOS DA MÃE APARECIDA na visão de Margarida Drumond

12.10.2017
Por Margarida Drumond de Assis

        O Brasil hoje celebra uma das suas mais importantes datas, a daquela que é reconhecidamente sua padroeira, protetora, a patrona do povo brasileiro: é dia de Nossa Senhora Aparecida, e a data se reveste de uma beleza ímpar, agora em 2017, porque celebramos os 300 anos de sua aparição a três simples pescadores que, insistentemente, lançavam suas redes sem muita sorte. Era 12 de outubro de 1717. Porém, mais uma tentativa e na rede surge parte de uma imagem; a rede é novamente lançada e agora aparece a cabeça da imagem na qual eles reconhecem Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Ato seguinte, vêm peixes em abundância, e a barca se torna pequena. Era já o primeiro milagre, dentre os tantos que a Mãe Aparecida traria de seu filho aos necessitados de bênçãos.
Aquele fato inédito, tanto pela aparição da imagem e também pelos peixes que rareavam na época, mexeu com a sensibilidade de Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso, três bons pescadores que tinham recebido a incumbência de deixar farta de peixes a mesa do governador de São Paulo e Minas Gerais, Dom Pedro de Almeida Portugal, mais conhecido como Conde de Assumar. Ele voltava de uma visita a Minas e passara por Guaratinguetá, e então exigira fartura na alimentação, o que inquietou a comunidade local. Como fazer, se os peixes rareavam? Porém, a imagem de Maria, que ali aparecia assumindo um aspecto que se tornou único, negra, suja de lama, na rede de homens pobres e trabalhadores, constituiu-se em luz para os três, como tantos de nós hoje a temos, mãe bondosa e cheia de graça. E ela, de barro escuro, um leve sorriso no rosto, atraiu os moradores da região, a maioria mestiços de portugueses, negros e índios, que na verdade já se identificavam com nossa gente.
Já naquele primeiro momento, Nossa Senhora Aparecida se mostrou mãe dos pobres, dos sofredores, dos aflitos, mostrou-se mãe de Misericórdia, devoção que foi crescendo dia a dia. Primeiro foi entre os pescadores que já rezavam ao redor daquela imagem que eles colaram; depois os vizinhos foram se aproximando e também rezavam com eles, e mais e mais... Quem acolheu a imagem em sua rede foi João Alves, mas Filipe Pedroso foi quem ergueu um altar em casa para recebê-la, e ali ficou Nossa senhora Aparecida durante nove anos, mas sem manto, sem coroa. Em seguida Athanázio Pedroso, filho de Filipe, foi quem acolheu a imagem em sua casa, ela ficando em um oratório. Era o ano de 1734, quando o vigário José Alves Vilela colocou a imagem em um local já mais espaçoso, de certa forma já acolhendo melhor os visitantes que ia chegando em maior número. Muito aconteceu, e hoje são milhões de devotos de todo o Brasil que vão a Aparecida: querem agradecer graças alcançadas, também querem, em sua aflição e dores, pedir bênçãos para si e para a família, graças urgentes de que precisam. Mas não é só o povo brasileiro, não. Lembro-me de quando o Papa Bento XVI veio ao Brasil e eu fui a Aparecida, em visita à casa da Mãe Aparecida, o Santuário Nacional. Quanta gente vi, em orações filiais a Nossa Senhora Aparecida! Eram nossos irmãos de países diversos, da América Latina, da Europa e até alguns do continente asiático. Que bênção! Nossa Senhora Aparecida é  mãe intercessora e atende a todos que a invocam, que a amam e, confiantes em sua força junto do filho, abandonam-se ao amor materno.
        Quem teve a oportunidade de ir a Aparecida, por esses dias, constatou a multidão presente naquela cidade acolhedora e querida que leva o nome da mãe Aparecida, romeiros chegando de todo lugar, muitos até mesmo a pé. E o Santuário, sempre recebendo o belo e zeloso cuidado da Congregação do Santíssimo Redentor, os queridos redentoristas – e aqui nos lembramos saudosos do missionário redentorista Dom Lelis Lara, falecido em dezembro último. A casa da mãe Aparecida é o maior templo mariano do mundo e a ela chegam devotos que se emocionam ao se aproximar da pequenina imagem, ao sentir a imensidão e a beleza do Santuário, ao viverem a  espiritualidade que de lá emana.
        É nesta fé, que neste dia, a mídia em geral muito divulgará sobre as manifestações de tantos à Virgem de Aparecida. Não faltarão orações em Alvoradas já às cinco horas, com terço, ladainhas e cantos; procissões; coroação; é tempo dos lindos cantos dos 300 anos da aparição; é tempo de vivamente todos participarmos das lindas celebrações neste dia, dirigindo à Mãe Aparecida preces pedindo forças para sabermos enfrentar as vicissitudes que às vezes atropelam os nossos dias; as angústias de tantos brasileiros; mas, acima de tudo, é tempo de agradecer pelo seu Sim de Mãe do Filho de Deus e nossa.


Margarida Drumond é escritora, professora e jornalista e, em Brasília, prepara para novembro próximo o lançamento de seu livro, o romance Doce complicação. Ainda este ano, finaliza a pesquisa para a biografia sobre Padre Abdala, Paróquia São José de Acesita – Timóteo/MG, com pré-edição já acontecendo.  Contatos: (61) 99252-5916 margaridadrumond@gmail.com  www.margaridadrumond.com
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